quinta-feira, 15 de abril de 2010



De Heroe

Ouviu o grito saindo daquele casebre sujo. E junto gritou tambem uma guitarra. La. Sustenido susto, corrompendo a madrugada dos sem amigos. Meu deus mataram alguem? Que grito de agonia e pranto retumba entre os cantos e acaba timpanando aqui dentro? Escutou tambem barulho de pancadas, alguem deve estar brigando. Parece ser o barulho de cranio na parede.


De repente ele virou heroi de cuecas. Soltou pegadas no ar. Arrombou a porta com o ombro de tijolo. Ceita satanica em desafino, olhou sem entender nada. A mulher nua gritava com dor de coluna. Pombos acordaram. Viraram ratos, squizee, squizee pelo casarao. O heroi (eu no caso) entrou triunfante. Sua gripe sumiu, suas rugas (minhas no caso) desapareceram. Pegou uma Heineken e ameacou os punks. Soltem a garota. A mulher estava nua e tinha vulva de aco inoxidavel. Talvez um filho se movesse dentro de sua barriga. Ou andasse nos andares da coluna. Entre vertebras. Parto dos diabos. Anticristo soltador de rimas.


Mas o heroi balancou a cabeca. Os punks viraram padres. O coral da igreja era feito de gritos. O heroi ficou surpreso por ninguem lhe dar atencao. Entao abriu a Heineken. Bebeu numa so golada. A mulher de buceta de aco olhava orgulhosa, ela pensava: - meu heroi.


Mas nao iria nem sequer agradecer a ele (eu no caso). Bem, missao cumprida.